terça-feira, dezembro 2

Vacina Nacional Contra a Dengue: Um Marco para o Brasil

Nesta quarta-feira (26), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou um parecer favorável sobre a segurança e eficácia da vacina contra dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan. Este marco representa a primeira vacina 100% nacional voltada para o combate a essa doença endêmica. Com a conclusão deste estudo, o Ministério da Saúde planeja integrar a vacina ao calendário nacional de imunizações, disponibilizando-a exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de 2026, dependendo da capacidade de produção do laboratório.

Na próxima semana, o Ministério da Saúde discutirá com um comitê de especialistas e gestores do SUS a estratégia de vacinação e quais grupos devem ser priorizados, baseando-se nos resultados do estudo. “A grande inovação é a disponibilidade de uma vacina completamente nacional, que nos permitirá estabelecer uma estratégia de proteção em todo o país. A vacina foi desenvolvida pelo Instituto Butantan em colaboração com a empresa chinesa WuXi, crucial para aumentar a capacidade de produção. Se não fosse essa parceria, o Butantan não conseguiria atender à demanda. Com isso, é viável que, já no próximo ano, a vacina esteja incorporada ao Programa Nacional de Imunizações”, comentou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Investimentos para a Saúde Pública

O governo brasileiro destina mais de R$ 10 bilhões anualmente ao Instituto Butantan, incluindo mais de R$ 1,2 bilhão do Novo PAC Saúde para a expansão da infraestrutura, com foco na produção da vacina contra dengue. O Brasil, pioneiro na oferta dessa vacina no sistema público, já distribuiu vacinas importadas para 2,7 mil municípios. Desde o início da campanha, mais de 7,4 milhões de doses foram aplicadas no público prioritário. Para 2025, o Ministério garantiu a aquisição de 9 milhões de doses da vacina atualmente em uso, que requer duas aplicações para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, com previsão de mais 9 milhões para 2027.

Eficácia da Nova Vacina

A nova vacina utiliza a tecnologia de vírus vivo atenuado, já comprovada em diversas vacinas no Brasil e no mundo. De acordo com estudos, ela apresentou uma eficácia global de 74,7% contra dengue sintomática em indivíduos entre 12 e 59 anos. Isso significa que, em quase 75% dos casos, a vacina evitou a manifestação da doença. Além disso, foi observada uma proteção de 89% contra formas graves da dengue, conforme publicação na renomada The Lancet Infectious Diseases.

A vacina é indicada para pessoas entre 12 e 59 anos, mas essa faixa etária pode ser ampliada no futuro, dependendo de novos estudos realizados pelo fabricante.

Cooperação Internacional e Avanços Científicos

O registro da vacina é um resultado da cooperação estratégica entre Brasil e China. Em uma missão oficial em outubro, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou a empresa WuXi Vaccines, parceira do Instituto Butantan no desenvolvimento e na futura produção em larga escala do imunizante. Essa colaboração fortalece a estratégia nacional de inovação em imunobiológicos, facilitando a transferência de tecnologia e o desenvolvimento conjunto. A vacina se destaca por proteger contra os quatro sorotipos do vírus em uma única dose, um avanço que pode transformar a luta contra a dengue no Brasil.

Cenário Epidemiológico e Continuidade das Ações

Embora tenha sido registrada uma redução de 75% nos casos de dengue em 2025 em comparação com 2024, o Ministério da Saúde ressalta a importância de continuar as ações de combate ao mosquito Aedes aegypti em todo o país. Até outubro deste ano, o Brasil contabilizou 1,6 milhão de casos prováveis de dengue, o que representa uma queda significativa em relação ao mesmo período do ano anterior. As regiões mais afetadas foram São Paulo (55%), seguido por Minas Gerais (9,8%), Paraná (6,6%), Goiás (5,9%) e Rio Grande do Sul (5,2%).

Os óbitos também apresentaram queda, totalizando 1,6 mil até outubro, com uma redução de 72% em relação ao ano passado. São Paulo concentra a maior parte das mortes (64,5%), seguido por Paraná (8,3%), Goiás (5,5%), Rio Grande do Sul (3%) e Minas Gerais (8%).

Exit mobile version