Uma Prioridade Emergente
Daqui a 30 dias, Belém do Pará será o cenário da COP30, conferência promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) focada nas mudanças climáticas. Neste evento, a atenção mundial estará voltada à Amazônia, e diversas entidades estão se preparando para destacar a importância da saúde na crise ambiental que enfrentamos.
A cada dia, as evidências sobre a ligação entre saúde e clima se acumulam. Estima-se que, entre 2030 e 2050, mais de 250 mil mortes ocorrerão devido a doenças relacionadas ao clima, abrangendo desde infecções até os efeitos diretos das temperaturas extremas. Além disso, a poluição do ar, que contribui significativamente para o aquecimento global, causa cerca de 7 milhões de mortes anuais. A cada aumento de um grau na temperatura, o risco de eventos adversos para a saúde, como infartos e AVCs, se intensifica.
Os custos associados à saúde resultantes das mudanças climáticas são alarmantes, com projeções que indicam um aumento de até 4 bilhões de dólares anuais em gastos em todo o mundo para lidar com os impactos dessa crise. “A crise climática é, sem dúvida, uma crise de saúde”, afirmou a médica Evangelina Araújo, fundadora do Instituto Ar e líder da iniciativa Médicos Pelo Clima, que congrega cerca de 15 mil profissionais da saúde e busca dar voz à questão durante a COP30.
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Fonte: alagoasinforma.com.br
Fonte: acreverdade.com.br
Uma Nova Abordagem para a Saúde
Na última COP28, foi estabelecido o Dia da Saúde, um espaço para diálogos entre países e a elaboração de possíveis acordos visando mitigar os efeitos climáticos sobre a população. No entanto, as discussões ocorridas até agora foram consideravelmente tímidas, sem resultados concretos. Com a COP29, o Dia da Saúde tornou-se um evento permanente, e neste ano, o Brasil almeja um legado mais significativo.
“Desde a COP28, a intenção é implementar ações mais diretas. Não queremos apenas emitir mais uma declaração”, enfatizou a enfermeira Ethel Maciel, designada pelo governo para representar a saúde na conferência. O Dia da Saúde deste ano ocorrerá em 13 de novembro.
Proposta de Ação em Saúde
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Fonte: vitoriadabahia.com.br
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Fonte: agazetadorio.com.br
O governo brasileiro apresentará na conferência o Plano de Ação em Saúde de Belém, com o intuito de estabelecer um compromisso global com esta iniciativa. Este plano foi introduzido pela primeira vez na COP29 e, desde então, tem sido desenvolvido em colaboração com financiadores, representantes da sociedade civil, acadêmicos e outros governos, com a participação do grupo Lancet Countdown.
O documento prioriza três linhas de ação: vigilância e monitoramento para melhor compreender os impactos das mudanças climáticas, preparação dos sistemas de saúde e dos profissionais com base em evidências, e um foco em pesquisa e inovação para encontrar soluções eficazes. Durante a COP30, a proposta será discutida, e os países poderão aderir ou não às medidas sugeridas.
Mobilização Médica e Desafios Futuros
Antes do Dia da Saúde, o grupo Médicos pelo Clima organizará uma Marcha Global pela Saúde em 11 de novembro, em Belém. A liderança é do Instituto Ar, que está comprometido há mais de 15 anos em colocar a questão climática na agenda médica.
“Temos lições do passado que mostram que quando médicos levantam seus alertas sobre problemas de saúde, as respostas a questões globais são mais eficazes, como demonstrado com o controle do tabagismo e a proibição do DDT”, comentou uma das líderes da mobilização, Vormittag.
Além disso, no dia 17, o grupo entregará uma carta a Ethel Maciel solicitando que a questão da saúde seja um dos eixos centrais da COP30. Esta iniciativa já conta com o apoio de várias organizações, incluindo a Global Climate and Health Alliance (GCHA), a Sociedade Brasileira de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Atualmente, menos de 2% do financiamento destinado a medidas de contenção das mudanças climáticas é direcionado a projetos ligados à saúde. Apesar do progresso lento nas políticas públicas e compromissos internacionais, as estatísticas continuam a se deteriorar.
Belém, que sediará a conferência, também enfrenta os efeitos devastadores da degradação da floresta amazônica. A cidade já se encontra mais quente e seca, e um estudo indicou que poderá se tornar o segundo centro urbano mais quente do mundo até 2050. Em meio a isso, o Ministério Público Federal tem alertado sobre a iminente crise na saúde pública da capital paraense.