Setor turístico sob pressão
Após dois anos de ajuste no limite de passageiros entre os aeroportos Santos Dumont e Internacional Tom Jobim (RIOgaleão), a recente declaração do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, levantou preocupações no trade turístico. O ministro indicou a possibilidade de aumentar o teto anual de desembarques no terminal do Centro do Rio, que poderia variar entre 1 milhão e 1,5 milhão de passageiros, conforme informação do site Mercados&Eventos.
No mês de outubro de 2023, representantes das esferas municipal e estadual, juntamente com autoridades federais e empresários do setor privado, se reuniram para discutir a reestruturação do sistema aeroportuário carioca. O objetivo é acelerar a recuperação do RIOgaleão e aliviar a demanda no SDU. No entanto, a proposta de aumentar o fluxo de passageiros pelo Santos Dumont traz apreensão para quem atua no turismo.
Desde o realinhamento dos limites operacionais, o Galeão tem demonstrado resultados expressivos. O terminal localizado na Zona Norte do Rio registrou um aumento de 50% em sua capacidade de passageiros durante o primeiro trimestre de 2025. Entre janeiro e julho deste mesmo ano, aproximadamente 10 milhões de viajantes desembarcaram no aeroporto, superando em 3,2 milhões os números do ano anterior, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Crescimento que supera a média nacional
Ainda de acordo com a Anac, o período de 2023 a 2025 marcou um crescimento conjunto de 21% nas movimentações de ambos os aeroportos cariocas. Este desempenho é superior à média nacional de 13% se desconsiderarmos os números do Rio de Janeiro. Tal crescimento é um indicativo da eficácia das medidas adotadas para a coordenação entre os terminais, que potencializou a conectividade, fortaleceu a malha aérea e favoreceu o trânsito de passageiros e cargas, conforme destacado pelo presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Rio de Janeiro (Abav-RJ), Marcelo Siciliano.
“Os dados evidenciam que a coordenação aeroportuária é um caminho certo. O Rio de Janeiro superou a média nacional na recuperação do Galeão e ampliou sua capacidade de atrair turistas e negócios. Qualquer alteração no Santos Dumont deve garantir esse equilíbrio, que é crucial para o turismo e para a economia local”, afirmou Siciliano, segundo reportado pelo Mercados&Eventos.
A importância da coordenação
Marcelo Conde, presidente da Associação Rio Vamos Vencer, compartilha da mesma preocupação, ressaltando que as estratégias implementadas proporcionaram previsibilidade e resultados palpáveis. Ele elogiou a colaboração entre o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o Governo Federal, que resultaram em avanços significativos.
“A restrição de voos no Santos Dumont não era um obstáculo ao crescimento, mas uma forma de ordenar o sistema. A integração entre os aeroportos beneficiou a conectividade do Rio, fortaleceu o Galeão e causou impactos positivos em toda a cadeia produtiva do turismo. O que podemos observar é que o Brasil alcançou a marca de 9 milhões de turistas internacionais neste ano, um aumento de 40% em relação ao recorde anterior”, explicou Conde, preocupado com um possível retrocesso diante das novas propostas.
