O Papel do Turismo na Preservação Cultural
No dia 22 de novembro, o Auditório NTB da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) foi palco da mesa-redonda intitulada “História e Turismo: instrumentos de preservação e desenvolvimento social na Amazônia”. O encontro reuniu pesquisadores, estudantes e gestores públicos para discutir como o turismo pode fortalecer a identidade amazônica, além de valorizar as comunidades locais por meio do conhecimento histórico e cultural.
O evento fez parte da V Semana Acadêmica de História, organizada pelo Centro Acadêmico de História da Ufopa (Cahis). A mesa foi composta pela professora Elcivânia de Oliveira Barreto, especialista em geografia e turismo; Jonielson Ferreira, estudante de História e criador do projeto Encantos do Maicá; e o secretário municipal de Turismo de Santarém, Emanuel Júlio Leite, mediado por Clayton Ferreira.
Um Modelo de Turismo Sensível às Realidades Locais
A professora Elcivânia Barreto apresentou uma visão crítica sobre o turismo na região, defendendo um modelo que respeite as realidades locais e promova uma verdadeira imersão cultural. “As pessoas não chegam a Santarém para visitar shopping centers. O que essas estruturas podem contar sobre nossa história?”, questionou. Para ela, o turismo deve proporcionar uma experiência de descoberta e pertencimento, permitindo que os visitantes mergulhem nas narrativas culturais do local.
Ela enfatizou que é fundamental entender a dimensão histórica e geográfica das comunidades para que o turismo se torne uma ferramenta de educação e valorização cultural, em oposição ao turismo “espetacularizado”, que tende a ignorar as identidades locais.
A Importância da Gestão Pública
Alinhado a essa perspectiva, o secretário Emanuel Júlio Leite comentou sobre o papel do governo na preservação de espaços históricos e na promoção do turismo comunitário. “A gestão municipal tem se empenhado na revitalização de áreas públicas, como a Praça Fortaleza do Tapajós e a Praça Rodrigues dos Santos. Manter esses espaços é uma forma de resgatar nossa história e valorizar nossa identidade”, destacou.
Ele também mencionou que, nos últimos dez meses, a gestão visitou 15 comunidades ribeirinhas e desenvolveu projetos em quatro delas, capacitando aproximadamente 900 pessoas em Santarém. Além disso, o secretário falou sobre planos para realizar um grande Réveillon em Alter do Chão e a intenção de sediar o próximo Congresso Nacional de Turismo de Base Comunitária no ano seguinte.
Cultura e Sociabilidade em Foco
Emanuel também apresentou o projeto Domingo de Lazer, que leva atividades culturais para as praças da cidade, fomenta a economia criativa e reforça o senso de pertencimento da população. “Realizamos sete edições do Domingo de Lazer, com o objetivo de valorizar os espaços públicos e unir as pessoas por meio da cultura e da convivência social. Queremos que a comunidade reconheça esses locais como parte de sua história e crie boas memórias”, explicou.
Projeto Encantos do Maicá: Um Exemplo de Inovação
O estudante Jonielson Ferreira trouxe à tona o projeto Encantos do Maicá, que visa integrar turismo, educação ambiental e valorização da memória local. “Esse projeto foi idealizado pelos próprios moradores para defender seu território, gerar renda e preservar o meio ambiente. Começamos com oficinas de história oral e, com o tempo, expandimos para a formação de condutores turísticos, feiras agroecológicas e capacitações em práticas sustentáveis”, detalhou.
Jonielson destacou a participação ativa de coletivos de mulheres e produtores locais, mostrando que o turismo pode ser uma ferramenta de autonomia e inclusão social. “Não pretendemos mascarar a realidade, mas sim apresentar o modo de vida em sua essência. Os agendamentos são sempre realizados com antecedência para não interferir na rotina das pessoas envolvidas”, finalizou.
