quinta-feira, outubro 16

Uma Lenda do Cinema Se Despede

A atriz ganhadora do Oscar, Diane Keaton, famosa por suas performances memoráveis em comédias e dramas, faleceu aos 79 anos. A notícia foi confirmada por um porta-voz da família que comunicou à revista People que a artista morreu na Califórnia. Em respeito à sua memória, a família solicitou privacidade durante este difícil momento de luto.

Nascida e criada em Los Angeles, Keaton iniciou sua trajetória artística ainda na adolescência, atuando e cantando na Santa Ana High School. A sua estreia nas artes cênicas começou com o icônico papel de Blanche DuBois na peça ‘Um Bonde Chamado Desejo’. Após se formar em atuação no Neighborhood Playhouse, em Nova York, ela foi convocada para assumir o papel de Sheila na produção original da Broadway de ‘Hair’ em 1968. No ano seguinte, sua atuação na comédia de Woody Allen, ‘Play it Again, Sam’, rendeu-lhe uma indicação ao Tony Award como Melhor Atriz Coadjuvante.

Keaton rapidamente ganhou destaque em Hollywood, protagonizando uma série de filmes de sucesso. Um de seus papéis mais marcantes foi em ‘O Poderoso Chefão’, de Francis Ford Coppola, lançado em 1972, onde interpretou Kay Adams, a esposa de Michael Corleone, personagem de Al Pacino. A escolha de Keaton para o papel foi uma decisão estratégica de Coppola, que mais tarde disse que a atriz trazia algo “mais profundo e interessante” ao personagem.

Em 2023, Coppola detalhou sua escolha em uma interação memorável com Keaton, destacando que, apesar de Kay ser uma figura clássica e direta, havia muito mais na atriz que o tornava atraente. Keaton também participou de ‘O Poderoso Chefão Parte II’, mas se afastou do drama para se dedicar a uma colaboração prolífica com Woody Allen durante a década de 1970, com filmes como ‘O Dorminhoco’, ‘Manhattan’ e ‘Interiores’.

Um dos maiores sucessos da sua carreira foi ‘Noivo Neurótico, Noiva Nervosa’ (1977), onde interpretou o papel-título. A performance de Keaton nesse filme não apenas a consagrou como uma das grandes comediantes de sua época, mas também lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz, além de prêmios como BAFTA e Globo de Ouro. Em uma entrevista à Rolling Stone, ela refletiu sobre a vulnerabilidade que vem com a atuação, afirmando que a exposição é parte essencial do trabalho de um ator.

Nos anos 1980, Keaton continuou a brilhar em Hollywood, atuando em filmes como ‘Reds’ — uma produção que lhe rendeu uma segunda indicação ao Oscar — e ‘Crimes do Coração’. Ela também se aventurou na direção com ‘Heaven’, um documentário sobre a vida após a morte, e fez história ao construir uma carreira ao lado da roteirista Nancy Meyers, que a escalou para comédias românticas como ‘O Pai da Noiva’ e ‘Alguém Tem Que Ceder’, onde novamente foi indicada ao Oscar.

O sucesso de ‘O Pai da Noiva’, lançado em 1991, solidificou sua imagem como uma figura de destaque nas comédias românticas, e Keaton não parou por aí. Em 1996, ela estrelou ‘O Clube das Desquitadas’, uma comédia que a trouxe novamente aos holofotes, e que a fez receber elogios por sua performance ao lado de Goldie Hawn e Bette Midler.

Nas últimas décadas, mesmo com o passar dos anos, Keaton não deixou que a idade a parasse. Em 2023, ela protagonizou ‘Do Jeito Que Elas Querem: O Próximo Capítulo’, um filme que se tornou um marco ao reafirmar a relevância de histórias sobre mulheres com mais de 60 anos. Sua presença na promoção do filme era sempre descrita como calorosa e envolvente, mostrando seu contínuo amor pela atuação.

Fora das telas, Keaton era uma fotógrafa e escritora admirável. Sua paixão por fotografia a levou a publicar ‘Reservations’, um livro que capturou a essência da Califórnia nos anos 70. Ela também se destacou como uma fashionista singular, conhecida por seus visuais inspirados em trajes masculinos. Recentemente, em 2023, estrelou uma campanha da J. Crew, reforçando seu estilo atemporal.

Com uma carreira repleta de sucessos, Keaton foi uma autora prolífica, lançando livros como ‘Then Again’ e ‘Let’s Just Say It Wasn’t Pretty’, onde explorou temas como beleza e autoimagem. Sua visão única sobre a vida e o envelhecimento refletiu-se em suas palavras, onde frequentemente desafiava os padrões sociais. “Nunca entendi a ideia de que você deveria se acalmar à medida que envelhece”, disse em uma entrevista, destacando seu desejo de continuar se expressando e explorando novas experiências.

A importância de Diane Keaton no cinema e na cultura popular é inegável. Sua habilidade de trazer uma combinação rara de humor, vulnerabilidade e autenticidade a seus papéis fez dela não apenas uma atriz icônica, mas uma verdadeira lenda. Ela deixa um legado que continuará a inspirar gerações futuras.

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