Um Legado de Transformação
Assessoria – Como a Capoeira pode mudar vidas? Em Curitiba, um projeto social idealizado pela Associação Volvo tem demonstrado, ao longo de 20 anos, que a Roda de Capoeira transcende as barreiras do esporte e da cultura: ela forma cidadãos, une famílias e impulsiona sonhos. O Projeto Capoeira e Cidadania, viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, já beneficiou mais de 5 mil pessoas e agora celebra suas duas décadas com histórias inspiradoras de superação e impacto social.
Neste ano, o Natal chegou mais cedo para Agatha Nikaelli Silverio, de 18 anos, moradora da periferia curitibana. Iniciada na Capoeira aos 3 anos, ela acabou de conquistar um marco histórico: passou na primeira fase do vestibular para o curso de Educação Física na UFPR e aguarda o resultado da segunda etapa, que sairá em janeiro. Se obtiver sucesso, será a primeira da família a ingressar no ensino superior. Para Agatha, a Capoeira foi mais do que um esporte; foi uma base sólida. Ela destaca que “o projeto é o meu refúgio. Sem ele, não estaria no caminho que trilho hoje. Sempre tive boas referências, mas o projeto me deu força, conteúdo e estrutura. Minha família no projeto é muito enriquecedora porque meu pai plantou essa semente, e ela foi crescendo”.
O Impacto da Educação Física na Comunidade
O ensino superior é um desejo que já se tornou realidade para Karen Gonçalves dos Santos, que se formou em Educação Física após 15 anos de dedicação ao Capoeira e Cidadania. Atualmente, ela atua como monitora nas aulas nas escolas públicas em que o projeto está presente, além de lecionar na Associação Volvo. “A comunidade onde moro sempre foi carente de oportunidades: escolas e creches pequenas, poucas possibilidades. Eu cresci vendo muitas pessoas ao meu redor sem perspectivas e não via um futuro além daquilo. O projeto ampliou meus horizontes e me fez perceber que havia um mundo muito maior. Por isso continuo aqui, pois sei o quanto isso transforma vidas, assim como transformou a minha”, afirmou Karen.
Fortalecimento de Laços Familiares
Outro exemplo do impacto positivo do Capoeira e Cidadania pode ser visto nos irmãos João Gabriel, de 13 anos, e Guilherme, de 15 anos, que treinam e competem juntos. A mãe deles, Vanessa de Souza Fontana, também participa do projeto e descreve a experiência como “uma segunda família”, essencial para restaurar energias e criar vínculos que vão além da Roda. “Aqui eu reforço meu vínculo com meus filhos. Estou sempre com eles no projeto, e isso fortalece muito nossa relação”, relatou Vanessa.
As histórias dos participantes se entrelaçam em um fio comum: disciplina, pertencimento, cultura, afeto e transformação social. Segundo Jorge Luiz de Freitas, conhecido como Mestre Piriquito e coordenador do projeto desde a primeira Roda, a capoeira vai além da prática física: “Ela forma pessoas. Ensina respeito, cidadania, responsabilidade e a importância do esforço coletivo para conquistar objetivos”, afirma.
Um Futuro Promissor
Com mais de 300 alunos ativos, o projeto abrange crianças de creches, adolescentes, adultos e famílias inteiras, promovendo a ancestralidade da Capoeira e fortalecendo valores essenciais em comunidades vulneráveis. Os 20 anos do Capoeira e Cidadania mostram que a Roda não apenas continua, mas também segue abrindo caminhos para novas gerações que encontram nessa iniciativa um primeiro palco, um incentivo para sonhar mais alto e, frequentemente, uma oportunidade de transformar suas realidades.
