O Perigo da Leptospirose em Períodos Chuvosos
A leptospirose é uma zoonose bacteriana séria que frequentemente passa despercebida, mas representa um grande risco à saúde pública, especialmente em áreas urbanas suscetíveis a alagamentos. Com a chegada do período chuvoso no Paraná, que se estende de novembro a março, é essencial estar atento à possibilidade de contaminação. Essa doença, causada pela bactéria Leptospira, tem sua principal transmissão ligada aos ratos. Entre janeiro e novembro de 2023, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) registrou 18 mortes por leptospirose. No total, foram contabilizadas 1.557 notificações da doença, das quais 247 foram confirmadas. Além disso, 103 notificações estão em investigação, 42 tiveram resultados inconclusivos, e 1.165 foram descartadas.
Segundo o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, “é uma doença que pode matar. Os primeiros sintomas aparecem de forma repentina e se assemelham aos de uma gripe. É preciso cautela e seguir as orientações, principalmente em períodos de inundações, quando o risco aumenta consideravelmente”. Ele ressaltou a importância de manter a atenção durante o verão, que será marcado por calor intenso e chuvas irregulares no estado.
Dados de Notificações e Mortes
A Região Metropolitana de Curitiba concentra a maior parte das notificações. Na área sob responsabilidade da 2ª Regional de Saúde, foram registrados 869 casos, com 127 confirmações e 12 mortes (sete em Curitiba, três em Colombo e duas em São José dos Pinhais). Na 1ª Regional de Saúde de Paranaguá, o número de notificações foi de 73, com nove confirmações e duas mortes, uma em Paranaguá e outra em Guaraqueçaba.
A 3ª Regional de Saúde, de Ponta Grossa, registrou 79 notificações, com 19 casos confirmados e uma morte em Castro. Já na 15ª Regional de Saúde de Maringá foram 31 notificações, cinco confirmações e um óbito em Sarandi. Por fim, na 21ª Regional de Saúde de Telêmaco Borba, ocorreram nove notificações, quatro confirmações e dois óbitos, ambos em Reserva.
Como ocorre a contaminação e quais os sintomas da leptospirose?
A principal forma de contaminação acontece através de pequenos cortes ou lesões na pele e pelas mucosas (olhos, nariz e boca) quando as pessoas entram em contato com água ou lama contaminadas pela urina de animais infectados. Esse risco é amplificado em situações de enchentes, onde a sujeira e detritos se misturam com a urina de roedores que habitam esgotos e bueiros. Para aqueles que precisam atravessar essas águas, o perigo de infecção é extremamente alto, visto que a bactéria pode sobreviver por longos períodos em ambientes úmidos.
Os sintomas da leptospirose tipicamente surgem entre 7 a 14 dias após a exposição. Na fase inicial, a doença pode ser confundida com uma gripe comum, o que dificulta um diagnóstico rápido. Os sinais iniciais incluem febre alta de início súbito, forte dor de cabeça, dores musculares (particularmente na panturrilha), falta de apetite e náuseas.
Prevenção e Tratamento da Leptospirose
Para prevenir a leptospirose, é crucial evitar áreas alagadas em épocas de enchentes. Caso o contato seja inevitável, como durante ações de resgate ou limpeza, é fundamental utilizar equipamentos de proteção, como botas e luvas de borracha. Após contato com água de enchente, a higienização das mãos e do corpo com água e sabão é essencial.
Na limpeza de locais contaminados, recomenda-se o uso de uma solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) na proporção de 1 litro para 4 litros de água. O controle da população de roedores também é uma medida importante. Isso inclui manter o lixo em recipientes fechados e devidamente descartados, armazenar alimentos em locais seguros e realizar desratizações periódicas com empresas especializadas.
Se houver exposição a águas de enchente e surgirem sintomas iniciais (como febre, dores no corpo e, especialmente, dor na panturrilha), procurar atendimento médico imediatamente é fundamental. O tratamento envolve o uso de antibióticos, além de cuidados com a hidratação e suporte renal para os casos mais graves. Embora a leptospirose seja curável, o atraso no diagnóstico pode resultar em complicações fatais. Portanto, aumentar a conscientização sobre os riscos, especialmente após as chuvas, é vital para a preservação da vida.
