Desafios e Esperanças no Mercosul e União Europeia
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, expressou a necessidade de vontade política e coragem entre os líderes para viabilizar a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Em uma declaração durante a abertura da 67ª Reunião de Chefes de Estado, realizada em Foz do Iguaçu, Lula destacou que a negociação, que já dura 26 anos, enfrenta resistência. A expectativa inicial era de que o acordo fosse assinado no último sábado (20), mas a oposição de países europeus, principalmente França e Itália, impediu que isso acontecesse. Os dirigentes europeus, por sua vez, indicaram uma nova possibilidade para o mês de janeiro.
O presidente afirmou: “Tínhamos, em nossas mãos, a oportunidade de transmitir ao mundo uma mensagem em defesa do multilateralismo”. Segundo Lula, o texto discutido é equilibrado e protege setores sensíveis do Mercosul. Desde o início de 2023, o Brasil se empenhou em manter políticas industriais e de inovação, aceitando cotas para produtos agropecuários e mecanismos de salvaguarda, que garantem direitos à reciprocidade.
Além disso, Lula revelou ter recebido uma carta da presidência da Comissão Europeia e do Conselho Europeu, manifestando otimismo quanto à aprovação do acordo em janeiro. Um dos principais obstáculos mencionados foi uma recente conversa telefônica com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, que está envolvida em disputas internas da União Europeia sobre proteção agrícola. Meloni indicou um interesse em assinar no início do próximo ano, o que poderia facilitar a situação.
O presidente brasileiro comentou que, se a Itália avançar, a França poderá ficar isolada. “De acordo com Ursula von der Leyen e António Costa, não há como a França, sozinha, barrar o acordo”, declarou Lula. Essa dinâmica entre os países europeus é crucial para o futuro da negociação.
O Mercosul e Suas Novas Conexões
Enquanto isso, o Mercosul continua a diversificar suas parcerias. Em setembro, o bloco fechou um acordo com a EFTA e, ao longo do semestre, iniciou discussões para ampliar o acordo com a Índia, além de retomar tratativas com o Canadá. O bloco também avançou em negociações com os Emirados Árabes Unidos e abriu novas frentes com Japão e Vietnã. Na América Latina, há uma expectativa de progresso nas relações com o Panamá.
A reunião também marcou o encerramento da presidência pro tempore do Brasil no Mercosul, que foi caracterizada por um foco no fortalecimento do comércio intrarregional, uma agenda ambiental proativa e a promoção de uma maior integração social. A presidência agora passa ao Paraguai.
O alerta de Lula é claro: sem uma decisão política firme, o acordo entre o Mercosul e a União Europeia continuará a ser afetado por vetos internos dos países europeus, o que representa um custo estratégico tanto para a região quanto para o conceito de multilateralismo. Assim, janeiro se torna um teste de credibilidade para todos os envolvidos.
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