Desafios e Perspectivas do Agronegócio
No recente evento Michuim, promovido pela COOCAM, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), José Zeferino Pedrozo, fez uma avaliação aprofundada do agronegócio catarinense e os desafios que se apresentam em 2025. O dirigente enfatizou que o setor enfrenta um momento delicado, refletindo uma crise que afeta não apenas o estado, mas todo o país, com particular ênfase nas cadeias produtivas do leite e do arroz.
A FAESC, uma entidade que coordena e defende os interesses dos produtores rurais, está atenta às dificuldades que os agricultores de Santa Catarina têm enfrentado. Pedrozo, que acompanhou de perto as tramitações e reivindicações do setor, destacou que as dificuldades estão se intensificando e necessitam de ações mais contundentes para serem superadas.
De acordo com o presidente, Santa Catarina vive uma das crises mais severas da última década, especialmente no que diz respeito à produção de leite e arroz. Embora programas estaduais, como o Leite Bom, tenham proporcionado algum alívio, o fim dessas iniciativas ocorre em um momento em que a crise se agrava, criando um cenário desafiador para os produtores.
Além disso, o dirigente destacou que o estado, que já foi o oitavo maior produtor de leite do Brasil, agora ocupa a quarta posição, mas enfrenta um dilema: produz mais do que consome e, por isso, os produtores precisam buscar novos mercados fora de suas fronteiras.
Impactos da Venda Abaixo do Custo
Um ponto crítico mencionado por Pedrozo foi a prática de venda abaixo do custo de produção, que tem comprometido a competitividade dos agricultores catarinenses. Essa prática, segundo ele, interfere na formação de preços e agrava a situação dos produtores, que já lidam com margens de lucro reduzidas. É essential que haja um acompanhamento constante e ações coordenadas para garantir a sustentabilidade das cadeias produtivas.
Os efeitos da desvalorização dos preços de grãos como soja e milho também foram abordados, com Pedrozo destacando que 2025 se mostrou atípico e desafiador para os preços no agronegócio. No entanto, ele se mostrou otimista quanto à recuperação futura do setor, lembrando que o agronegócio tem um histórico de superação em períodos de dificuldades.
O Papel dos Pequenos Produtores e Expectativas Futuras
Outro aspecto importante discutido por Pedrozo foi o impacto de questões tributárias e políticas no agronegócio, especialmente para os pequenos produtores, que são frequentemente afetados por decisões que não refletem suas necessidades. Com as eleições se aproximando, ele ressaltou a expectativa do setor por maior segurança e previsibilidade nas políticas para 2026.
O dirigente também elogiou a atuação da Frente Parlamentar da Agricultura e a resposta do Congresso Nacional em relação a temas que interessam ao setor. Em Santa Catarina, o apoio da bancada estadual foi significativo, com 13 dos 16 deputados federais votando a favor dos interesses dos produtores rurais.
Pedrozo concluiu sua análise enfatizando a importância da união entre os produtores e citou exemplos de países desenvolvidos, como os Estados Unidos, onde o agronegócio possui uma forte representatividade política. Para ele, fortalecer essa articulação é fundamental para garantir melhores condições de trabalho e desenvolvimento nas atividades essenciais à alimentação, como a produção de leite, arroz e grãos.
“Estamos finalizando 2025 colhendo desafios e iniciando 2026 com a esperança de um novo ciclo. Isso representa bem a essência dos homens do campo: somos lutadores”, disse Pedrozo.
