Um Esquema de Corrupção Revelado
A Polícia Federal prendeu, no final de novembro, o empresário Humberto Silva, acusado de liderar uma operação que desviou pelo menos R$ 25 milhões que deveriam ser destinados à saúde pública. O esquema, conforme apurado pelo programa Fantástico, envolvia o uso de verbas públicas para financiar viagens internacionais, festas em apartamentos luxuosos e a compra de veículos de alto padrão.
Segundo as investigações, Humberto e outros empresários utilizaram o Instituto Riograndense de Desenvolvimento Social Integrado (IRDESI), uma organização social sem fins lucrativos encarregada da gestão hospitalar, para desviar recursos públicos. Entre 2022 e 2025, o instituto recebeu cerca de R$ 340 milhões, sendo a maior parte proveniente da Prefeitura de Embu das Artes, com suporte de verbas federais.
Detalhes do Esquema
O empresário, que agora enfrenta sérias acusações, custeou sua ostentação através de verbas que deveriam garantir atendimento adequado nos hospitais. Parte do montante desviado foi destinada ao pagamento de despesas pessoais, como o aluguel de um apartamento em Balneário Camboriú, além de viagens e a aquisição de itens de luxo, tudo isso enquanto os serviços de saúde enfrentavam uma grave crise.
A esposa de Humberto, Maíne Baccin, que teve seu pedido de casamento em Paris, recebia um salário de R$ 23 mil mesmo sem exercer função alguma. A ex-esposa também se beneficiava do esquema, recebendo o pagamento de aluguel pelo instituto. Além disso, foram descobertas várias empresas fictícias que emitiam notas fiscais fraudulentas para justificar serviços que, na verdade, nunca foram realizados. Somente por meio de duas dessas empresas, foram desviados pelo menos R$ 8 milhões.
Consequências para a Saúde Pública
Enquanto Humberto e seus associados desfrutavam de uma vida de luxo, hospitais sob a gestão do IRDESI estavam em uma situação crítica, padecendo com a falta de medicamentos e equipamentos essenciais. Em um caso alarmante, um idoso em Jaguari (RS) perdeu a vida por não conseguir realizar uma nebulização devido à ausência de um aparelho avaliado em R$ 70.
“É absurdo, porque está faltando na base, no atendimento, no remédio, nos cuidados de saúde”, desabafou um morador de Embu das Artes, refletindo o impacto devastador da corrupção na população.
Ações Judiciais e Respostas das Defesas
Até o momento, a Justiça já bloqueou 14 imóveis, 53 veículos, uma lancha e contas bancárias de 20 pessoas envolvidas nas investigações. O prejuízo estimado gira em torno de R$ 25 milhões. Em nota, a defesa de Tássia Nunes afirmou que ninguém deve ser considerado culpado antes do devido processo legal, ressaltando que a antecipação de juízos condenatórios vai contra a presunção de inocência. A defesa de Maíne Baccin também se posicionou, informando que está analisando detalhadamente todos os documentos do inquérito.
A reportagem tentou contato com a defesa de Humberto Silva, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição. A Prefeitura de Embu das Artes se manifestou afirmando que, caso as condutas investigadas sejam confirmadas, a responsabilidade recai totalmente sobre a organização social contratada. Quanto à falta de medicamentos, a prefeitura destacou que a obrigação é da organização gestora do serviço de saúde.
O Impacto na Comunidade
Esses eventos levantam questões sérias sobre a administração de recursos públicos e a transparência no setor da saúde. O caso do empresário Humberto Silva evidencia como a corrupção pode comprometer vidas e a qualidade dos serviços essenciais, ressaltando a necessidade urgente de medidas para proteger os interesses da população e garantir que os recursos destinados à saúde sejam utilizados de forma ética e eficaz.
