Setor Agropecuário em Alta
A agropecuária voltou a assumir um papel central na economia do Espírito Santo, sendo o principal motor por trás das projeções de crescimento do estado para os anos de 2025 e 2026. Dados recentes do Indicador de Atividade Econômica (IAE-Findes), divulgados pelo Observatório Findes, indicam que a economia capixaba deve registrar um crescimento de 3,9% em 2025. Para o ano seguinte, a expectativa é de uma alta de 1,9%. Se essas previsões forem confirmadas, será o quarto ano consecutivo de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) no Espírito Santo.
Apesar da desaceleração esperada para 2026, o estado deve continuar apresentando desempenho superior à média nacional. O Boletim Focus, publicado pelo Banco Central, projeta um crescimento de apenas 2,3% para o Brasil em 2025 e de 1,8% em 2026, índices que ficam aquém das expectativas para o Espírito Santo. As projeções foram apresentadas em coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (18), na sede da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).
Crescimento Acelerado e Setores em Destaque
No acumulado de janeiro a setembro de 2025, a economia capixaba já havia crescido 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Todos os setores mostraram avanço, mas a agropecuária se destacou com um crescimento notável de 16%. Em seguida, a indústria cresceu 3,7% e os serviços apresentaram um incremento de 0,6%. Agropecuária e indústria foram os segmentos que mais contribuíram para o resultado positivo do estado.
O bom desempenho do setor agropecuário pode ser atribuído, em grande parte, ao resultado expressivo da agricultura, que teve um crescimento de 15,9% neste período. Essa alta foi impulsionada pela safra de café, a principal lavoura do Espírito Santo, além de outras culturas como cana-de-açúcar, milho, arroz, tomate, laranja e coco-da-baía. A pecuária também apresentou resultados incrementais, com um crescimento de 2%, sendo sustentada pela produção de bovinos, leite, suínos, aves e ovos.
A Influência do Café Conilon e Produtividade
De acordo com Nathan Diirr, gerente de Ambiente de Negócios do Observatório Findes, a produção de café conilon teve um papel decisivo nesse cenário. Com uma participação de cerca de 81% da produção cafeeira do estado, o conilon apresentou crescimento suficiente para compensar os efeitos negativos da bienalidade esperada para o café arábica em 2025. “O aumento na produção do conilon foi favorecido por condições climáticas favoráveis, após o fenômeno El Niño de 2024, que trouxe chuvas bem distribuídas e práticas agrícolas eficientes, resultando em boas floradas e maior frutificação”, explica.
A economista-chefe da Findes, Marília Silva, ressalta que o avanço da economia capixaba ocorreu mesmo diante de um ambiente de juros elevados ao longo de 2025. Segundo ela, o crescimento se concentrou em setores menos impactados pelo aperto monetário. “Os ganhos de produtividade no campo foram fundamentais para o desempenho da agropecuária. Na indústria extrativa, o crescimento se deveu a decisões estratégicas e planejamento a longo prazo das empresas”, analisa.
Impactos Positivos e Perspectivas para o Futuro
O bom desempenho do setor rural também teve um efeito positivo em outros segmentos da economia. O crescimento na produção agrícola e industrial impulsionou o setor de transportes, que apresentou um avanço de 1,3%, enquanto o comércio cresceu 0,9%.Esse crescimento foi favorecido pelo aumento da renda das famílias e pela queda consistente do desemprego. No terceiro trimestre, a taxa de desocupação atingiu mínimas históricas de 2,6% no Espírito Santo, o que ajudou a sustentar o consumo em um cenário de inflação elevada e crédito caro.
Para 2026, as projeções indicam um crescimento mais moderado, mas ainda positivo, com a agropecuária mantendo sua posição estratégica na economia do estado. Em um ambiente marcado por juros altos, incertezas externas e desafios no comércio internacional, o setor agropecuário continua a ser um dos principais amortecedores da atividade econômica capixaba, garantindo fôlego para o crescimento e maior estabilidade econômica no estado.
