Análise da Concentração Econômica
Um recente estudo divulgado pelo IBGE revelou que dez municípios brasileiros foram responsáveis por aproximadamente 24,5% da economia nacional em 2023. Os dados mostram que São Paulo (SP) lidera com 9,7% do PIB, seguido por Rio de Janeiro (RJ) com 3,8% e Brasília (DF) com 3,3%. Outros municípios que se destacam incluem Maricá (RJ), Belo Horizonte (MG), Manaus (AM), Curitiba (PR), Osasco (SP), Porto Alegre (RS) e Guarulhos (SP). Esses dados são parte da pesquisa PIB dos Municípios 2022-2023, que abrange informações sobre os 5.570 municípios do Brasil e suas economias.
Comparando com o ano de 2002, a dinâmica mudou consideravelmente. Naquela época, apenas quatro cidades — São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte — representavam a mesma proporção do PIB. O levantamento também revelou que Maricá teve um salto significativo, subindo da 354ª para a quarta posição em termos de contribuição econômica. Da mesma forma, Manaus avançou da sétima para a sexta posição, Osasco subiu da 16ª para a oitava e Guarulhos da 14ª para a décima. Entretanto, algumas cidades perderam sua posição; Belo Horizonte caiu da quarta para a quinta, Curitiba da quinta para a sétima e Porto Alegre da sexta para a nona.
Desempenho Econômico e Mudanças na Estrutura
Os dados foram apresentados na última sexta-feira (19) e indicam a importância das capitais na economia brasileira. Luiz Antonio de Sá, analista de contas regionais do IBGE, explicou que o resultado de 2023 é influenciado por condições econômicas específicas. A participação crescente das capitais está diretamente relacionada à queda na contribuição de municípios não capitais, especialmente aqueles envolvidos na extração de petróleo. Esse fenômeno reduziu o ritmo de desconcentração econômica que havia se intensificado durante a pandemia de 2020.
“Historicamente, mais de um terço da economia brasileira estava concentrado nas capitais em 2002. Desde então, houve um processo de desconcentração que se acelerou durante a pandemia e teve seu auge em 2022. Contudo, com a retomada das atividades e o fim do isolamento social, observamos uma leve recuperação na participação das capitais em 2023, especialmente devido ao setor de serviços”, afirmou Sá. O crescimento do setor de serviços, particularmente nas áreas financeiras, também contribuiu para o aumento da participação das capitais estaduais entre 2022 e 2023.
São Paulo, em particular, destacou-se com um aumento de 0,4 ponto percentual, alcançando 9,7% do PIB nacional. É interessante notar que a capital paulista já havia representado 12,7% da economia em 2002. Além de São Paulo, outras cidades que tiveram um aumento significativo na participação em 2023 incluem Brasília, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
PIB per Capita e Desigualdade Regional
No que diz respeito ao PIB per capita, os dez municípios brasileiros que se destacaram concentraram somente 0,3% da população, mas foram responsáveis por 3,4% do PIB nacional. Saquarema (RJ) lidera esse ranking com um PIB per capita de R$ 722,4 mil, impulsionado principalmente pela extração de petróleo e gás, uma atividade que também favoreceu Maricá, Presidente Kennedy (ES), Ilhabela (SP) e São João da Barra (RJ). A média nacional de PIB per capita foi de R$ 53,9 mil.
Outros municípios, como São Francisco do Conde (BA) e Paulínia (SP), se destacaram no setor de refino de petróleo, ocupando a segunda e a quarta posição, respectivamente. Santa Rita do Trivelato (MT) conseguiu o sétimo lugar devido à intensa produção de soja e algodão, enquanto Louveira (SP) e Extrema (MG) se inseriram entre os dez primeiros por conta do comércio e da indústria de transformação. Nas capitais, Brasília se destacou com o maior PIB per capita, alcançando R$ 129,8 mil, valor 2,4 vezes superior à média nacional, enquanto Belém (PA) teve o menor desempenho, com R$ 31,1 mil.
Historicamente, sete capitais, principalmente no Sudeste e Sul, além de Brasília e Manaus, têm PIBs per capita acima da média nacional. Os municípios com maiores valores concentram-se em grandes centros urbanos da região Centro-Sul e em áreas agropecuárias com baixa densidade populacional, como o centro de Mato Grosso, Sul de Goiás, Oeste da Bahia e Alto Parnaíba. Entre as grandes áreas urbanas, Campinas (R$ 111.550,70) foi a que liderou em 2023, seguida por Brasília, São Paulo, São José dos Campos e Sorocaba.
